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Os nomes dos orixás costumam estar intimamente ligados á sua personalidade ao seu propósito de ser e seus feitos. No caso de Oxóssi não seria diferente dos demais, pois seu nome está totalmente ligado ao seu campo de domínio que é a floresta, a mata, a caça, e o ato de caçar.
O nome Oxóssi vem do termo iorubá Osoosi que é derivado de Osowusi, que significa "o guardião noturno é popular", "caçador ou guardião popular". Após ter matado o grande pássaros das feiticeiras Eleyés que ameaçava o povo durante a festa da colheita dos inhames apenas com uma flecha só e ter livrado o povo de Ketu do feitiço, foi nomeado como Oxóssi e ganhou também o título de deus da caça e o responsável por todo o conhecimento adquirido através da arte de caçar. Devido a esse feito é chamado de Odé, que vem do termo iorubá odẹ, que significa "caçador". Com a chegada dos africanos escravizados ao Novo Mundo as divindades africanas foram sendo sincretizadas com santidades do cristianismo, e assim seus nomes foram sendo resignificados. Isso se deve é claro ao contato da cultura africana com a cultura europeia presente na colonização da américa como um todo e também com a cultura dos nativos, que no caso, são os índios.
A Lenda de Oxóssi conta que ele é irmão mais novo de Ogum. Certa vez Ogum saiu para guerrear e Oxóssi ficou na tribo, porém diz a lenda, que enquanto Ogum estava fora a tribo foi atacada e Oxóssi não sabia lutar, por isso não pôde defender a tribo do ataque dos invasores. Após o retorno de Ogum, o mesmo viu toda a destruição causada a tribo e foi a procura do irmão. Ogum viu que era preciso treinar seu irmão para proteger a vila enquanto ele estivesse fora, pois Ogum é o orixá da guerra e sempre que fosse preciso sair para guerrear era necessário que alguém cuidasse da tribo. Oxóssi foi então treinado pelo seu irmão Ogum a fim de defender a sua tribo de ataques que pudessem ser feitos a ela. Por esse motivo ele é considerado como o guardião popular, pois ele mesmo guarda a sua tribo.
Oxóssi (no candomblé) ou Oxosse (no omolocô) é o orixá da caça, das florestas, dos animais, da fartura, e do sustento. Sua mitologia tem origem na África assim como todos os orixás cultuados pelo candomblé ou umbanda. É atribuído a Oxóssi a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o jeito ardiloso para capturar a caça, ou seja, todos os atributos necessários para um caçador. É considerado o caçador de axé, aquele que busca as coisas boas para um ilé, aquele que caça as boas influências e as energias positivas.
Na África antiga, Oxóssi era considerado o guardião dos caçadores, pois cabia a eles trazer o sustento para a tribo. Hoje, Oxóssi é quem protege aquelas pessoas que saem todos os dias para o trabalho, para trazer o sustento.
Oxóssi também rege o revoar dos pássaros, a evolução das pequenas aves. Em seu lado negativo, pode estar presente também a falta de alimento; no pouco plantio; no apodrecimento de frutas, legumes e verduras.
Oxóssi é considerado também como a expansão dos limites, do seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador penetrar o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além disso, eram os caçadores que descobriam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia.
Cada filho de Oxóssi é iniciado com uma qualidade especifica desse orixá, de acordo com sua personalidade. Essa personalidade será aprimorada, intensificada podendo o individuo obter resultados mais satisfatório dentro das qualidades do seu orixá. Oxóssi expande os limites, sendo a caça uma metáfora para a obtenção de conhecimento, Oxóssi conduz ao exito do objetivo. Estas são as qualidades encontradas e oque cada uma significa:
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ÍBUÀLÁMÒ – É de idade avançada e caçador. Nasce nas águas mais profundas do rio Irinlé. Sua vestimenta é branca com bandas, saiote e capacete de palha da costa. Tem ligação com Omolú e Oxun. Seu assentamento se difere de todos.
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ÍNLÈ – É novo e caçador, tem seu culto as margens do rio Irinlé, conhecido com caçador de Elefantes, o marfin é a sua conta, tem ligação com Oxuns, Oxaguiã e Yemanjá.
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DANA DANA – Tem fundamento com Exu e Ossain. É ele o Òrixá que entra na mata da morte e sai sem temer Egun e a própria morte. Veste azul claro, muito impetuoso e foge à toa.
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AKUERAN – Tem fundamento com Ogun e Ossain. Muitas de suas comidas são oferecidas cruas. Ele é o dono da fartura. Ele mora nas profundezas das matas. Veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Suas contas são verdes claras.
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OTIN – Guerreiro e muito agressivo, vive intocado na mata, ligado a Ogun. Usa azul claro, leva capangas, roupas de couro de leopardo.
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KÒIFÉ – Não se faz no Brasil e na África, pois, muitos de seus fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam um ano recolhidos, tomando todos os dias o banho das folhas. Veste vermelho, leva na mão uma espada e uma lança. Come com Ossain e vive muito escondido dentro das matas, sozinho. Suas contas são azuis claras, usa capangas e braceletes. Usa um capacete que lhe cobre todo o rosto.
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KÀRÉ – é ligado as águas e a Oxum e Logun Edé e com eles exercem as mesmas forças e funções.
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Usa azul e um Banté dourado. Gosta de pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador mora sempre perto das fontes.
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ÍNSÈÈWÉ ou Oni Sèwè – É o senhor da floresta, ligado as folhas e a Ossain, com quem vive nas matas. Veste azul claro, e banda de palha da costa, usa capacete quase tapando o seu rosto.
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ÍNKÚLÈ ou Oni Kulé- Odé das montanhas, de culto no platô das serras, muito ligado a Oxaguiã e Jagun, veste verde claro, turquesa.
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ÌNFAMÍ ou Infaín Odé funfun, ligado a Oxaguiã e Oxalufã, só usa branco e come abado.
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AJÉNÌPAPÒ- Odé ligado as Iyamis Osorongá, aquele que pode se aproximar e também a Oyá, o dono do Irukere.
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ODÉ ORÉLÚÉRÉ- Ligado aos Iobôs, odé de culto antigo.
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Poderemos encontrar ainda: Odé Etetú; Odé Edjá, Odé Isanbò, Odé Ominòn, Odé Oberun’Já.